Férias do Outono 2018! Campos do Jordão até as Serras Catarinense e Gaúcha

sexta-feira, 20 de julho de 2018
Chegou a vez de escrever sobre uma viagem totalmente diferente. Pela primeira vez na vida tiramos 15 dias para viajar sem ter o roteiro todo definido e sem pousadas reservadas. Claro que com trocentas dicas e comentários em sites como o tripadvisor e no próprio google maps as coisas ficam um pouco mais fáceis. Além disso nós conseguimos mesclar lugares que já conhecíamos, como Campos do Jordão, Curitiba, Bombinhas, e a dupla Gramado e Canela, com lugares que fomos pela primeira vez, como Pomerode e Bom Jardim da Serra, ambos em Santa Catarina. 


-----------------------------
           Parte 01
-----------------------------

A primeira idéia era passar duas noites em Campos do Jordão e que isso fosse em dias do meio da semana, que é quando as pousadas estão com boas ofertas e a cidade está em seu ritmo mais pacato e normal. Escolhemos o hotel Le Renard, com tarifas inicialmente acima do que estimávamos gastar, mas que logo vimos que era do tipo que valeu cada centavo investido. Já tínhamos visitado CdJ algumas vezes e passar lá dois dias inteiros foi bom demais.




Campos do Jordão - bom demais tanto de dia quanto à noite (vista da nossa janela com a linha do teleférico ao fundo)

Seguimos viagem saindo de Campos do Jordão rumo à pequena vila de São Francisco Xavier para almoçarmos por lá. Esse é um dos recantos da Serra da Mantiqueira que ainda não tínhamos ido e que é meio fora de mão para quem vai saindo do Rio de janeiro. Curiosamente existem dois caminhos diferentes para ir até lá e o Waze nos recomendou o caminho mais sinuoso, pela SP-050 que desce de Campos do Jordão rumo à Monteiro Lobato. O outro caminho eu já conheço bem e considero que é mais fácil e um pouco mais rápido. É o caminho que desce de Campos do Jordão e passa por Santo Antonio do Pinhal e depois segue para Monteiro Lobato e São Francisco Xavier. E que almoço excelente que tivemos lá. Difícil explicar o quão fabuloso estavam essas lascas do melhor parmesão nessa salada, ou esse filé mignon com um excelente molho mostrarda e batatas.
Villa K2. Recomendo.

Depois deste ótimo passeio com direito a inúmeras curvas descemos até a rodovia Carvalho Pinto e de lá seguimos para a Régis Bittencourt até Registro/SP, onde jantamos e pernoitamos. No dia seguinte partimos cedo de Registro e ao final da Régis vimos que o tempo estava abrindo. Resolvemos então entrar no portal da Serra da Graciosa e descer esse caminho até Morretes. A estrada ali é bonita mesmo. A diferença é que por ser Outono não havia a mesma quantidade de hortênsias que vi na Primavera. Subimos rapidamente pela BR-277 e fomos nos hospedar em Curitiba. À noite marcamos de sair com um casal de amigos que mora por lá. E dá gosto de caminhar por essa cidade à noite num clima ameno. Pouco mais de um kilômetro entre o Mercure Curitiba Golden e o shopping Patio Batel.

-----------------------------
           Parte 02
-----------------------------

Depois de uma noite em Curitiba seguimos para Pomerode, pequena e famosa cidade de colonização alemã. Almoçamos e seguimos até Blumenau. Dormimos no Slaviero que consideramos um bom hotel urbano. Dali fomos visitar outro casal de amigos que há pouco tempo se mudaram pra lá, em Indaial, e à noite voltamos para jantar em Pomerode, no excelente restaurante La Spezia. Muito interessante conhecer esse canto de Santa Catarina passando por Jaraguá do Sul, Pomerode, Timbó, Indaial e Blumenau. E conversar com quem mora por ali é melhor ainda. 

Estávamos acompanhando a previsão do tempo e se falava que a primeira massa de ar polar cobriria a região Sul do Brasil por esses dias com temperaturas baixas e céu limpo e azul. Resolvemos arriscar e descer até Bombinhas pra ver dava pra curtir a praia de lá. Durante o inverno o sol passa bem mais baixo no céu, e por estarmos no hemisfério sul nós sabíamos que as melhores praias pra estas latitudes são as que têm face norte. Dessa forma é possível curtir o mar e o sol sempre de frente pra ambos. No Rio de Janeiro praticamente todas as praias de face oposta, face sul, e com muitos anos de praia se aprende que no Rio no Outono-Inverno a praia é boa, mas quem quer tomar sol acaba ficando de frente para os prédios e de costas para o mar. 

Muito bem, chegamos em Bombinhas para ver a diferença que há entre dezembro, quando fomos pela primeira vez, e comparar com Maio que é um mês de baixa temporada. Fato é que adoramos a praia bastante vazia, quase que só nossa, e idem a pousada com vista para o mar e com uma piscina linda e valores com desconto. Ficamos na pousada Vila do Coral e gostamos demais. Tanto que em vez de ficar duas noites nós pedimos uma extensão e ficamos três. Curtimos muito a praia e a piscina e o restaurante Concha das Ostras que fica a uns 50 metros pela areia mesmo e que tem uma varanda muito boa para almoçar. Normalmente quem fica poucos dias tenta experimentar restaurantes variados, mas comer peixe ali na cara do mar foi tão bom que nós fomos almoçar duas vezes seguidas. E São Pedro foi generoso, nos brindou com dias lindos de céu azul e temperatura agradável. Até a temperatura da água do mar estava boa o suficiente para bons mergulhos, palavra sincera de quem não gosta de entrar em águas frias. Bombinhas é uma península ao mesmo tempo parecida e muito diferente de Búzios. Ambas tem seus encantos e com dias bonitos de sol vale muito a pena ir, mesmo longe da alta temporada. Voltaremos mais vezes.






-----------------------------
           Parte 03
-----------------------------

Saímos de Bombinhas rumo à Serra do Rio do Rastro e em seguida até o município de Bom Jardim da Serra. Por algum motivo descobri que um dos lugares clássicos da BR-101 sul é o almoço no Engenho Lanches, tradicional e ótimo restaurante de estrada que recebe principalmente os gaúchos que param ali ao retornar das praias catarinenses. Almoço excelente. Ali entre a lagoa do Imaruí e o balneário de Imbituba sentimos um pouco mais de frio pela primeira vez. Vínhamos de um lugar que chegava a 25 graus e nesse local em plena hora do almoço parecia que estávamos com uns 13 graus. 

Depois desse almoço chegou a hora de passar por mais caminhos desconhecidos. Segue a estrada cortando Capivari de Baixo, Tubarão, e logo adiante ficamos impressionados com a beleza do caminho por Pedras Grandes e Orleans. Este caminho margeia o rio Tubarão e o rio Hipólito, e nesse trecho paramos para fotografar um lindo casarão antigo. Mais tarde descobrimos que se trata de uma construção do século XIX, da época da colonização italiana.


Pronto. Hora de alcançar a Serra do Rio do Rastro e Bom Jardim da Serra. Esta viagem teve muitas passagens maravilhosas, e de toda forma esta parte foi o ponto alto. Talvez um pouco influenciados pelo ineditismo de estar ali. E também por saber que gosto demais de toda essa área conhecida como Os Campos de Cima da Serra.





Logo que chegamos em Bom Jardim deixamos as malas na pousada e fomos passear em outra cidade, São Joaquim, famosa por disputar os récordes de temperaturas negativas no Brasil junto com Urubici. Visitamos a Casa do Vinho, uma ótima loja com variedades de vinhos catarinenses e gaúchos. Levamos umas boas três garrafas conosco.




Ficamos apenas uma noite em Bom Jardim, no Villa dos Ventos Container, outro lugar que abriu há pouco tempo e que é um achado. Os reviews do google maps estavam certo, é um lugar novo, limpo e prático, sem luxos mas bem confortável. Pensamos que poderia ser um lugar frio para dormir, mas o sistema de ar quente do quarto funcionou bem.

Depois de fazer a subida da serra e de provar vinhos da região chegou a hora de fazer um passeio diferente. Hora de sair bem cedo da cama e aproveitar que estávamos numa semana de céu azul e frio intenso. Hora de ver o amanhecer no mirante e tentar algumas fotos com as luzes do amanhecer.




E o melhor ainda estava por vir. Ver aqueles campos todos cobertos pela geada é uma atração e tanto para quem mora tão longe. Por mais que as câmeras de fotografia e de vídeo nos ajudem a gravar e guardar lembranças, já me acostumei a pensar que a experiência de estar num lugar assim é bem mais interessante do que as imagens podem propor. Valeu muito a pena sair cedo da cama e enfrentar o frio.






Durante o café-da-manhã conversando com os responsáveis pela pousada verificamos que os termômetros deles e o do carro estavam marcando menos quatro graus. Felizmente estávamos bem equipados pra esse frio todo.

A partir de Bom Jardim começamos a ouvir as pessoas dizendo que poderia haver falta de combustíveis por conta da chegada de uma forte greve de caminhoneiros. Conseguimos abastecer após uma fila de pouco mais de meia hora. Com tanque cheio passamos a ter um certo sossego por conta da autonomia suficiente para ir até Canela e Gramado, os próximos destinos, e depois descer a serra até Porto Alegre. Bem pelo meio da viagem, antes de saber dessa greve, tínhamos resolvido ficar o máximo de dias possíveis pelas serras do Sul, e então compramos uma passagem aérea para que minha mulher pudesse voltar de Porto Alegre ao Rio no domingo, pois ela tinha menos dias de férias e precisava retornar ao trabalho na segunda-feira.

Fizemos então o trajeto que desce o Rio do Rastro, segue em direção à Criciúma, entra novamente na BR-101 Sul, e no município e Terra de Areia viramos para a direita para acessar a BR-453, o início da rota do sol, nossa segunda passagem nesse lindo trecho de subida. A primeira vez havia sido cinco anos atrás, em 2013. Como o tempo passa rápido. Quero ir com mais frequência. É bem estranho seguir por estradas tão vazias e andar lentamente com preocupação de economizar combustível.

Resolvemos ficar em Canela, na pousada Encantos da Terra, muito boa para quem quer algo simples e funcional num valor justo. A idéia inicial era uma noite só em Canela e depois outra noite lá em Bento Gonçalves. Claro que uma noite é pouco tempo, mas como já tínhamos ido para ambos os lugares, nossa idéia era ter um revival do que nós mais gostamos. Acabamos ficando duas noites em Canela e foi bom porque nos deu um sossego extra. Em especial adoramos ter ido jantar na última noite no Magnólia Cine Bar de Canela. E é claro que ir passear na Borges de Medeiros em Gramado e tomar um bom chocolate quente naquelas ruas abaixo de 14 graus de temperatura é bom demais. Passar por Campos do Jordão e por Gramado na mesma viagem é altamente recomendável. Não para compará-las e sim para aproveitar o que cada uma tem a oferecer.

Saindo de Canela descemos pelo caminho mais tradicional. Nada de inventar moda pelas curvas de Nova Petrópolis, Morro Reuter e Dois irmãos. A descida é suave e indo devagar se gasta pouquíssimo combustível passando por Três Coroas, Igrejinha, Taquara, Parobé, Sapiranga, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Esteio, Canoas, e finalmente a capital Porto Alegre.

Por fim, após penar por alguns dias extras pra conseguir combustível pro carro resolvi ignorar uma sugestão de que ir para Curitiba pela BR-116 não seria uma boa idéia por conta dos bloqueios de caminhoneiros. Mas essa idéia era de alguém da fila de combustível que trabalha com logística de caminhões. Com um carro pequeno não deveria vir a ter problemas. Dito e feito. Pegar a BR-116 quase que totalmente vazia desde POA até Curitiba num dia magnífico de sol e frio é algo inesquecível pra quem gosta de pegar uma boa estrada e dirigir. O caminho pelos campos de cima é realmente interessante, mas por conta da topografia e de poucos trechos com pistas duplicadas aprendi que o caminho em condições normais pelo litoral na BR-101 Sul é mais rápido e mais sossegado. Ainda que na região entre Floripa e Itajaí exista um trânsito intenso e constante. Depois o trecho de Curitiba em diante também considero muito agradável, especialmente com pouco fluxo de veículos.